Lunda Tchokwe

Os Tchokwe / Chokwe desfrutam de uma admirável tradição de esculpir máscaras, esculturas e outras figuras. A sua arte inventiva e dinâmica, é representativa das várias facetas inerentes a sua vida comunitária, dos seus contos míticos e dos seus preceitos filosóficos. As suas peças de arte gozam de um papel predominante em rituais culturais, representando a vida e a morte, a passagem para a fase adulta, a celebração de uma colheita nova ou ainda o início da estação de caça. O nome Tshokwe apresenta algumas variantes (Tchokwe, Chokwe, Batshioko, Cokwe) e, entre os portugueses, ficaram conhecidos por Quiocos . "Nesta pagina podemos usar qualquer variante do nome Tshokwe (acima referido)"

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segunda-feira, 8 de novembro de 2010

António Manuel “Jojó”


É um dos mais conceituados radialistas da actualidade. O seu trabalho no programa Ndjando é conhecido por todos. Recentemente sofreu um atentado que quase lhe ceifou a vida. Agora, apresenta-se renovado e cheio de vontade de abraçar novos projectosÉ conhecido como o “Complicoso” - termo que o próprio usa para determinar a gravidade de alguns factos – e como o “advogado do povo”, pela sua prontidão em ajudar a resolver algumas questões da sociedade angolana. António Manuel “Jojó”, de 35 anos, começou a sua carreira na comunicação social há mais de 12 anos, no Lubango. O seu sucesso —e também a sua maneira polémica de misturar o humor à politica — chama a atenção desde então. O seu programa é um dos mais ouvidos em Luanda, todos os Sábados, durante praticamente hora e meia, começando às 9 horas. Os mais variados sketches fizeram com que ganhasse vários admiradores e também, aumentou o número de pessoas que não apreciam o seu trabalho. “Nem todos devem gostar do que faço, mas eu exijo que me respeitem, pois sou um profissional”, frisou. Recentemente sofreu um atentado, curiosamente um dia antes da prevista entrevista à revista VIDA. Profissional como poucos, deu-nos a primazia de sermos os primeiros a entrevistá-lo, após sentir-se recuperado, “Não estou pronto para outra (risos) mas já me sinto bem restabelecido”, explicou.

DANÇA E TEATRO

Jojó contou-nos detalhes da sua infância, no Lobito, logo no início da entrevista. Para a nossa grande surpresa, o radialista mostrou ser um apaixonado pela dança e pelo teatro. “Até aos 12 anos eu era visto, pelos meus familiares e amigos, como um grande jogador de futebol. Porém, depois passei para a dança, onde durante três anos pertenci ao grupo Chik Dance”, contou. Foi ali onde, além da dança, deu azo ao seu fascínio pelo teatro. “Quando me mudei para o Lubango, criei o meu próprio grupo de dança e teatro, função que conciliava com a de animador cultural da Força Aérea e depois, seguindo a ideia de Eugénio Bambi, comandante da Força Aérea na altura, de se criar um grupo para animar as tropas, entrei para a comédia”, realçou.

RÁDIO E AS POLÉMICAS

Dentro desta iniciativa surgiu a proposta de começar a fazer rádio. “ Comecei por trabalhar no programa de rádio “A Cidade Ouviu”, que era meramente humorístico, onde realçávamos a política de forma engraçada, mostrando os erros do Governo. Éramos um programa de humor na rádio do Estado”, lembra animado. Porém não foram só fl ores: “O programa foi bem sucedido durante um tempo. No mandato do governador Kundi Paihama nós apresentávamos as questões e muitas vezes o governo da Província pedia o direito de resposta, para esclarecê-las, o que tornava tudo bem mais animado, profissional e democrático.
Em Viana há mais de 60 casosde assaltos, por dia. E é com istoque nos devemos preocupar.Porém, com a entrada de outros governantes, as coisas foram piorando e chegou ao ponto de sermos “convidados” a cancelar o programa. Mas independentemente da rádio, eu era bombeiro, o que fez com que eu tivesse de abdicar de uma das funções, e eu decidi-me pela rádio”. Depois disso, Jojó abraçou um novo desafio: a vinda para Luanda, em 2004. Aqui, trabalhou durante seis meses no programa Sábado Mais, com Mateus Cristóvão, fez o curso de produção executiva, pela Televisão Pública de Angola. “Eu cheguei a cair no desemprego, pois apesar de ter trabalhado em vários sítios, eu não conseguia enquadrar o meu perfil de trabalho nesses órgãos. Escrevia algumas crónicas, para não ficar parado e foi ali que criei o projecto de rádio Njdando, que me tem dado muito destaque no pais”, salientou.

PROGRAMA NJDANDOO

nome do programa foi escolhido pela deputada da UNITA e na altura directora da rádio Despertar, que transmite o Ndjando, porém a ideia foi toda desenvolvida por Jojó “Ndjando é uma dança folclórica da zona do Bocoió (Lobito). É uma dança trapaceira, sem um compasso. E por isso optámos por este nome, já que nós abordamos vários temas, sem nenhuma obrigatoriedade”, explicou. O programa tem sido líder de audiência, em muitas zonas do país, “O público encontra o programa como a maneira de solucionar os seus problemas. Recebo quase de duzentas pessoas durante toda a semana. Nós tentamos resolver os problemas relacionados as injustiças públicas, e muito mais. Eles acabam por ver-me como o “advogado do povo”, o que é bom, mas também pode ser mal”, faz questão de frisar. A equipa do programa é formada por quatro pessoas, nomeadamente: Marito Sikila (sonorizador, operador e DJ), César Caua (colaborador), Ana Maria Lopes (coordenadora) e Jojó, que brinca dizendo: “faço quase tudo no programa. Sou redactor, editor, locutor, produtor e também motorista (risos). Mas juntos fazemos um trabalho digno”.

CRÓNICAS FERVOROSAS

Quando questionado sobre o facto de ser conhecido como o “homem da polémica”, Jojó fez questão de
Acima de tudo, eu souum humorista nato e aberto,sempre, a novos desafios.realçar que: “encaro isso com a maior naturalidade possível. O angolano por natureza tornou-se polémico, muito pelas situações que já viveu e vive. Como homem eu não sou polémico, mas como profissional eu optei pela polémica, também para ajudar o meu governo a fazer o seu trabalho”. Durante o programa, Jojó tem lido algumas crónicas que ele explica a sua origem: “Muitas eu crio, outras eu tiro a inspiração das cartas que me enviam, e também tem algumas que me são enviadas. É um momento em que me transformo no poeta que vive em mim. Eu realmente me emociono quando as leio”. O radialista faz questão de frisar que “apesar de não pagar a quota do partido, eu sou do MPLA. Já participei em várias actividades do governo, mas não sou activo. Pelo trabalho que faço, também é muito bom ser conotado a partidos políticos, mas o meu coração é do “M” ”.

O ATENTADO

“Alguém cumprimentou- -me, com um abraço, num grupo de quatro indivíduos, com a suposta intenção de me congratular pelo meu trabalho. Passados 15 minutos senti um rasgo na zona do abdómen, e apercebi-me de que estava a sangrar”, são estas as palavras de Jojó quando questionado sobre o atentado que sofreu, na zona de Viana, a menos de um mês. “Faço questão de esclarecer que não estava a sair da rádio. Fui a casa de jogos de um amigo, em Viana, e parei para resolver uma questão. Ali fui interpelado por supostos fãs. Creio que a polícia está a fazer o seu trabalho e que o culpado será descoberto. Eu faço questão de não acusar ninguém. Pelo trabalho que faço é muito fácil ser amado ou odiado, por isso eu deixo nas mãos de quem realmente pode investigar. Só não quero que as pessoas façam muito drama sobre o assunto. Em Viana há mais de 60 casos de assaltos, por dia. E é com isto que nos devemos preocupar. Só no dia em que sofri o atentado, tive conhecimento de dois assassinatos por lá. Não podemos esquecer que estamos a falar de um município que tem crescido cada vez mais, disse.

TRATAMENTO EFICAZ

O radialista não encontrou a ajuda necessária na primeira clínica para onde recorreu. “ Fui a Clínica do Kikuxi e não obtive resposta. Tive de aguentar até a Clínica Dádiva, onde um dos médicos me disse que se tratava de uma bala perdida, e eu fiquei super preocupado. Dali dirigimo-nos para a Multiperfi l, onde alguns amigos, entre os quais Abel Chivukuvuku, Fernando Miala, Bento Kangamba e outros, já estavam solidários com a situação e prontos para agirem em meu socorro. Foi lá, onde, com um atendimento eficaz e exemplar, descobriram que eu tinha sido vítima de um corte com um objecto muito fino e minucioso. Levei 12 pontos”, contou. “Agradeço, apesar de já ter criticado antes a instituição no meu programa, o tratamento que recebi na Multiperfi l, ao Dr. Rocha e a toda a equipa médica”, brincou.

NOVOS RUMOS

Quando questionado sobre os seus planos profissionais futuros, disse-nos: “Em termos profissionais eu estou entregue a mim mesmo. Após o acidente, a minha família caiu para cima de mim, exigindo determinadas coisas que eu, agora mais do que nunca, também devo ponderar. A Rádio Despertar nunca me coibiu de nada, porém devo dizer que a direcção da mesma rádio tem de aprender a diferenciar “o Jojó de ontem e o Jojó de hoje”. Tenho muito orgulho do trabalho que faço, mas também sinto que determinadas coisas poderiam ser mais valorizadas, por isso sinto-me apto para abraçar novos desafios”.

O ORGULHO DA FAMÍLIA

Domingos Manuel da Silva, pai de Jojó, acompanhou toda a sessão de fotos e a entrevista. O “kota Dingoxe” veio propositadamente de Benguela para acompanhar o filho durante este drama familiar. “Todo o mundo ficou bastante preocupado com o atentado que o Jojó sofreu. Eu vim mesmo para estar ao lado dele e certificar-me de que está tudo bem como o meu filho. Ele é o orgulho da família toda, o primogénito dos quatro irmãos, e também a nossa maior fonte de preocupação (risos). Durante a infância eu sempre esperei que ele iria tornar-se num grande jogador de futebol, mas ele optou por ser bailarino o que desiludiu bastante. Mas agora ele provou que tinha razão e espero que ele continue a fazer bem o trabalho dele, com responsabilidade e determinação”, frisou o pai, sobre o olhar emocionado do filho.

Perfil

Nome António Júnior Manuel da Silva

Naturalidade Lobito, Benguela

Aniversário 24 de Outubro de 1975

Restaurante Makamba Mami, em Viana

Comida preferida Funge de milho amarelo, com lombi e feijão de olho de palma

Ídolo no jornalismo Octávio Kapapa

Citação preferida “O homem luta para obter o que quer, mas tem de saber em que terreno lutar.”


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