Lunda Tchokwe

Os Tchokwe / Chokwe desfrutam de uma admirável tradição de esculpir máscaras, esculturas e outras figuras. A sua arte inventiva e dinâmica, é representativa das várias facetas inerentes a sua vida comunitária, dos seus contos míticos e dos seus preceitos filosóficos. As suas peças de arte gozam de um papel predominante em rituais culturais, representando a vida e a morte, a passagem para a fase adulta, a celebração de uma colheita nova ou ainda o início da estação de caça. O nome Tshokwe apresenta algumas variantes (Tchokwe, Chokwe, Batshioko, Cokwe) e, entre os portugueses, ficaram conhecidos por Quiocos . "Nesta pagina podemos usar qualquer variante do nome Tshokwe (acima referido)"

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Tradutor/Translation

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Origem do Nome da Etnia Tchokwe (segundo J. V. Martins)

Pelos relatos de Henrique de Carvalho, os povos do Nordeste de Angola devem ter vindo da região dos grandes lagos, corroborando a história contada por alguns velhos Tutchokwe e Lundas, os quais dizem que os seus ancestrais terão vindo dos lados de Nordeste, onde havia grandes montanhas geladas e um grande “Kalunga Ka Meya” (mar ou lago grande). Dizem eles que os Lundas descendem directamente do Nzambi e que todas as outras tribos negras descendem deles e praticam o sistema matrilinear.

Quanto à origem do nome “Tchokwe” ou Quiôco, os nativos da região terão contado a Henrique de Carvalho que o nome não existe na língua deles. Deve ter sido dado pelos Kimbundos, pois são os únicos que os tratam por “Quiôcos” em vez de “Tutchokwe”, como eles se intitulam e como são tratados pelos outros vizinhos. “Katchokwe” indica um elemento de nome colectivo e forma o plural “Tutchokwe” para indicar mais de um elemento da colectividade, enquanto “Utchokwe” designa a língua dos Tchokwe. A razão porque, em Kimbundo, se diz “Quiôco” em vez de “Tchokwe” deve estar relacionada com a mudança do prefixo da 3ª classe TCHI em KI, visto que em todas as palavras que em Tchokwe começam com o prefixo TCHI, este é traduzido em Kimbundo pelo seu correspondente Ki. Sendo assim, é de supôr que seja o mesmo vocábulo, embora pronunciado de maneira diferente, isto é, adaptado à língua Kimbundo. Em Utchokwe, dir-se-ia “ie-nu-naua a ku kinguri” – ou então, falando deles: “aya-kwo a ku kinguri”; e em Lunda “aiu kuau (que vão eles para, ou com, o “kinguri”). No entanto, como pode ter evoluído esta forma de expressão, é muito natural que, antigamente, se expressassem na 3ª pessoa do conjuntivo presente do verbo “ku-ya” (ir) “a-yo” em vez de “a-ya”, e que a forma comitativa “kwo” (com eles), tivesse sido mal pronunciada pelo intérprete ou pessoa que contou a história, e, assim, devido a uma má pronúncia, tivesse sido transformada; da união dos dois vocábulos num só pode ter derivado o vocábulo “woko”, que designa “aquele que vai e não volta”. 

Pode ainda indicar-se outra hipótese, a de “ku-tchoka” (verbo que significa ultrajar, amesquinhar, troçar, avassalar ou menosprezar), derivar do vocábulo “Tchokwe”, ou este do primeiro. Nesta hipótese, poder-se-ia concluir que este nome lhes tenha sido atribuído pelas outras tribos, suas vizinhas, quando, em tempos remotos e, segundo afirmam, eram por eles guerreadas, avassaladas e escravizadas. Aos vencidos cortavam as cabeças, por cujos crânios bebiam depois o “maluvu” ou “walwa” (vinho de palmeira); como presas de guerra levavam as mulheres e as crianças. A ser verdadeira esta versão, dada por alguns nativos, o vocábulo deve significar “povo bárbaro, mau, guerreiro, avassalador”. Segundo os autores que vimos citando, ainda hoje os Tutchokwe consideram todas as outras etnias, à excepção dos Lundas, raças inferiores a quem apelidam de “tubinje” ou “tundaka” (escravos ou estrangeiros).

Nesta ordem de ideias, ocorre perguntar se teria sido a tribo que deu o nome ao “tchiboko” (país dos Tutchokwe), ou se teriam estes tomado o nome do local onde se instalaram, sob as ordens dos seus grandes chefes “Muambumba”, “Mwandumba” ou “Ndumba-wa-Tembo”, de onde teriam saído à procura e conquista de novas terras para norte e sul ?

Como é sabido, a tradição oral é uma fonte importante de conhecimento, mas também é, por vezes, falível, contendo informações inexactas.

Assim, a possível origem do nome da Etnia Tchokwe é um óptimo tema para a recolha de contribuições dos historiadores, antropólogos, etnógrafos e outros estudiosos, que queiram ajudar a elucidar este tema (e outros contidos neste site).

1 comentário:

Ev. Malundo disse...

Paz! Notei algo muito errado quando se tratam dos reis Tchokwe em grandes chefes. Quando queiram escrever, mundem a linguagem antitchokwe deixado pelo colono.Melhor, não escrevam sobre a nossa rica etnia. Estamos cansado de ler as estorietas...repetitivas do tal Henriques.